Alimentação

Sabia que a pizza é um dos alimentos considerados viciantes?

Cientistas afirmam que produtos ultraprocessados, como chocolate, batata frita e pizza, geram efeitos parecidos com os de certas drogas lícitas e ilícitas

Por João Paulo Martins  em 29 de maio de 2021

Você acha irresistível comer uma pizza que acabou de sair do forno? Isso se deve a seus componentes altamente viciantes, segundo os cientistas (Foto: Freepik)

Não é novidade que os alimentos ultraprocessados contribuem para a obesidade, especialmente por serem atraentes e fazerem as pessoas ingerirem além do necessário. Eles possuem grandes quantidades de gordura e açúcar refinado, ingredientes que os deixam altamente viciantes, segundo especialistas.

Um deles é a psicóloga clínica Ashley Gearhardt, da Universidade de Michigan, nos EUA, que segundo matéria publicada pelo jornal americano The New York Times, ajudou a desenvolver a tabela de alimentos viciantes da Universidade de Yale (EUA), que é usada para determinar se uma pessoa mostra sinais de comportamento alimentar compulsivo.

Ela participou de um estudo publicado em 2015 no periódico científico Plos One, que envolveu mais de 500 pessoas, e descobriu que certos alimentos eram especialmente propensos a provocar comportamentos alimentares “viciantes”, como desejos intensos, perda de controle e incapacidade de reduzir a ingestão, apesar de sofrer consequências prejudiciais e um forte desejo de parar de comê-los.

Alimentos viciantes são como drogas

No topo da lista estão pizza, chocolate, batata frita, biscoitos, sorvete, batata frita e cheeseburgers. Como mostra o jornal, os cientistas descobriram que esses alimentos altamente processados possuem muita coisa em comum com drogas lícitas e ilícitas, como cigarro e cocaína.

São ingredientes derivados de plantas e alimentos naturais cujos componentes aceleram a absorção, afetando a saciedade – ao contrário de ingredientes benéficos como fibras, água e proteínas, que retardam a digestão de alimentos.

Além disso, conforme o The New York Times, pizza, chocolate e batata frita, por exemplo, possuem ingredientes refinados e processados, que geram prazer no consumo e são rapidamente absorvidos pela corrente sanguínea, afetando regiões do cérebro que regulam a recompensa, a emoção e a motivação.

Sal, espessantes, sabores artificiais e outros aditivos em alimentos ultraprocessados também favorecem a atratividade, melhorando propriedades como textura e sensação na boca, semelhante à forma como os cigarros contêm uma variedade de aditivos projetados para aumentar seu potencial de dependência, afirma Ashley Gearhardt ao periódico americano.

O cheeseburger parece inofensivo, mas também está na lista dos alimentos ultraprocessados que viciam (Foto: Freepik)

Ingredientes mais usados para “viciar”

Os alimentos altamente processados considerados mais irresistíveis são os que contêm grandes quantidades de gordura e carboidratos refinados, uma combinação potente que raramente é vista em alimentos naturais que os humanos evoluíram para comer, como frutas, vegetais, carne, nozes, mel, feijão e sementes, alerta a psicóloga clínica.

Claro que existem alimentos naturais ricos em gordura ou carboidratos, mas normalmente não possuem os dois em grande quantidade ao mesmo tempo.

“As pessoas não experimentam uma resposta comportamental viciante a alimentos naturais que são bons para nossa saúde, como morangos. Alimentos ultraprocessados são projetados de forma muito semelhante a outras substâncias viciantes. Esses são os alimentos que podem desencadear uma perda de controle e comportamentos compulsivos e problemáticos que se comparam ao que vemos com álcool e cigarro”, diz Gearhardt ao The New York Times.

No estudo de 2015, os pesquisadores descobriram que quando as pessoas deixam de comer alimentos altamente processados, como chocolate e cheeseburger, experimentam sensações comparáveis à abstinência de usuários de drogas, incluindo irritabilidade, fadiga, tristeza e ânsias.

“O impressionante é que meus clientes estão quase sempre cientes das consequências negativas do consumo de alimentos ultraprocessados e, normalmente, tentam dezenas de estratégias, como dietas radicais e desintoxicação, para tentar manter esse ‘relacionamento’ sob controle. Embora as tentativas possam funcionar por um curto período, quase sempre acabam tendo uma recaída”, revela a especialista americana.

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