Alimentação

Não comer carne pode causar mais episódios de depressão, afirma estudo

Cientistas associaram a dieta vegetariana ou vegana ao dobro de episódios depressivos em comparação com os carnívoros

Por João Paulo Martins  em 03 de outubro de 2022

(Foto: Freepik)

 

De acordo com estudo que será publicado na edição de janeiro de 2023 da revista científica Journal of Affective Disorders, pessoas que não comem carne, como vegetarianos e veganos, podem ter duas mais episódios de depressão do que os carnívoros.

Existem muitas razões pelas quais as pessoas optam por manter uma dieta livre de proteína animal, incluindo considerações éticas, preocupação com o meio ambiente, crenças religiosas e benefícios para a saúde.

A pesquisa atual analisou 14.216 brasileiros de 35 a 74 anos, que falaram sobre a frequência alimentar, em especial se comiam carne, por meio de um questionário. Os possíveis episódios de depressão foram medidos pela ferramenta de diagnóstico chamada Clinical Interview Schedule-Revised (CIS-R).

Segundo o site americano Healthline, os cientistas descobriram, após análise dos dados, que as dietas sem carne estavam associadas ao dobro da frequência de episódios depressivos. Além disso, essa relação se mostrou presente mesmo quando foram retirados fatores como socioeconômicos, estilo de vida, tabagismo, ingestão de álcool, níveis de atividade física e índice de massa corporal (IMC).

Porém, os pesquisadores não sabem dizer o que poderia levar ao aparecimento do problema em vegetarianos e veganos.

 

Por que a falta de carne causaria depressão?

 

Os autores afirmam que ajustaram fatores como ingestão de proteínas e micronutrientes e concluem que, ainda assim, “deficiências de nutrientes não explicam essa associação”.

Em conversa com o Healthline, a porta-voz da Academia Americana de Nutrição e Dietética, Monique Richard, diz que dietas sem carne e podem estar ligadas à depressão por várias razões, sendo uma delas justamente a deficiência nutricional.

“Sempre que um indivíduo exclui totalmente um grupo alimentar, nesse caso, fontes de proteína e gordura, e não substitui por opções nutricionalmente adequadas, isso afetará uma variedade de funções sistêmicas e fisiológicas, como a saúde cognitiva”, comenta a especialista, ressaltando que é importante se aprofundar nos padrões alimentares desses indivíduos para saber a verdadeira causa.

“Se uma pessoa não tem uma ingestão adequada de nutrientes como vitamina B12 e ácido graxo ômega-3, certas enzimas e proteínas podem ser comprometidas, alterando vias específicas do corpo. Isso pode afetar o humor, ansiedade, memória, estresse percebido, sono etc.”, completa Monique ao site americano.

Como exemplo, ela cita o aminoácido triptofano, que é necessário para produzir serotonina, neurotransmissor que tem sido associado a transtornos de humor, incluindo depressão.

O triptofano é encontrado na carne, bem como na aveia, nozes e sementes, revela a porta-voz. Mas é importante que as pessoas conheçam os alimentos ricos nesse nutriente e os consumam de forma consciente.

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