Alimentação

Dois novos estudos reafirmam risco do consumo excessivo de alimentos aultraprocessados

A alta ingestão de produtos industrializados, ricos em sódio, gordura e açúcar, elevam o risco de câncer colorretal e de morte por problemas cardíacos

Por João Paulo Martins  em 01 de setembro de 2022

Dois novos estudos confirmaram o risco para a saúde da dieta rica em alimentos ultraprocessados (Foto: Pexels)

 

Comer muitos alimentos ultraprocessados, como refeições congeladas, salsichas e biscoitos recheados, está associado a um risco aumentado de doenças cardíacas, câncer colorretal e morte prematura, de acordo com dois estudos publicados na última quarta (31/8) na revista científica BMJ.

Já existem muitas evidências que sugerem que o alto consumo de alimentos ultraprocessados ​​está associado a um maior risco de doenças crônicas. No entanto, poucos estudos de grande porte avaliaram a associação entre esse tipo de alimentos ​​e o risco de câncer de intestino, lembra o jornal britânico The Guardian.

O primeiro estudo, liderado por cientistas de vários países, sugere que o alto consumo de alimentos ricos em açúcar adicionado (ou refinado), gordura e sódio, mas carentes de vitaminas e fibras está associado a um maior risco de câncer colorretal. O segundo estudo, realizado por pesquisadores italianos, encontrou uma ligação com um risco aumentado de doença cardiovascular e morte.

Como mostra o jornal britânico, no primeiro estudo foram analisados 46.341 homens e 159.907 mulheres que participaram de três grandes estudos nos EUA. Eles tiveram a ingestão alimentar avaliada a cada quatro anos usando questionários detalhados. Os alimentos foram agrupados por grau de processamento e as taxas de câncer colorretal foram medidas durante um período de três décadas, levando em consideração fatores médicos e estilo de vida.

Os resultados mostram que, em comparação com o grupo que ingeriu pouco alimento ultraprocessado, os homens com maior consumo desse tipo de produto tiveram risco 29% maior de desenvolver câncer no intestino. A ligação permaneceu significativa mesmo após ajustes adicionais de índice de massa corporal e qualidade da dieta.

Não foi observada associação entre o consumo geral de alimentos ultraprocessados ​​e o risco de câncer colorretal entre as mulheres, revela o The Guardian. Ainda assim, os cientistas encontraram mais chance de surgimento do tumor entre homens que ingeriam muita carne, aves, frutos do mar e bebidas açucaradas, e entre mulheres que consumiam grande quantidade de refeições congelados.

 

Ultraprocessados e sistema cardiovascular

 

O segundo estudo foi baseado em 22.895 adultos italianos. Tanto a quantidade quanto a qualidade dos alimentos e bebidas consumidos foram avaliados e as mortes foram medidas durante um período de 14 anos, levando em consideração possíveis comorbidades, explica o jornal britânico.

Os resultados mostram que aqueles com dietas menos saudáveis ​​em comparação com os que se alimentavam adequadamente ​​tiveram risco 19% maior de morte por qualquer causa e 32% mais chance de morrer por doença cardíaca.

Os riscos foram bem parecidos quando os pesquisadores compararam os grupos que comiam muito ou pouco alimento ultraprocessado: 19% maior para mortalidade por todas as causas e 27% para óbitos por problema cardiovascular.

É importante salientar que os dois estudos são observacionais, portanto, não podem estabelecer a causa para o risco aumentado de câncer ou morte associado à ingestão de produtos riscos em sódio, açúcar e gordura. O The Guardian lembra ainda que outros fatores de risco podem ter influenciado.

No entanto, as duas pesquisas confirmaram a importância da qualidade da dieta e levaram em conta fatores de risco bem conhecidos.

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