Alimentação

Dieta mediterrânea pode ajudar na resposta da imunoterapia em pacientes com câncer de pele

Cientistas descobriram que azeite, pexes, nozes e vegetais ajudariam os medicamentos inibidores de checkpoint

Por João Paulo Martins  em 09 de outubro de 2022

(Foto: Freepik)

 

Pessoas que são adeptas à alimentação no estilo mediterrâneo podem contar com mais um benefício para a saúde. De acordo com estudo realizado por cientistas holandeses e britânico, a dieta rica em peixes, vegetais, nozes e azeite, alimentos típicos de quem vive na região do mar Mediterrâneo, pode ajudar a melhorar a resposta à imunoterapia em pessoas com melanoma (câncer de pele) em estágio avançado.

A pesquisa foi apresentada neste domingo (9/10) no congresso da Sociedade Europeia de Endoscopia Gastrointestinal, que está sendo realizado em Viena, na Áustria, e termina na terça (11/10). As descobertas ainda não foram publicadas em periódico científico, nem revisadas por pares.

De acordo com o site americano Healthline, o estudo mostra que a dieta mediterrânea, por ser rica em fibras, ácidos graxos monoinsaturados e polifenóis, foi associada a melhores taxas de resposta à imunoterapia e maior sobrevida de pacientes com câncer de pele avançado.

A pesquisadora Laura Bolte, do Centro Médico Universitário Groningen, na Holanda, uma das autoras do estudo, afirma ao site americano que esse tipo de alimentação contendo gorduras mono e poli-insaturadas provenientes do azeite, das nozes e dos peixes, bem como polifenóis e fibras de vegetais, frutas e grãos integrais, pode levar a uma resposta significativamente melhor aos medicamentos usados na imunoterapia, conhecidos como inibidores de checkpoint.

Esses inibidores, que até o momento estão entre os tratamentos mais eficazes para o melanoma, funcionam bloqueando pontos de verificação (checkpoints) no sistema imunológico do paciente, forçando as células T (de defesa) a atacarem o tumor, informa o Healthline.

Os pesquisadores analisaram a ingestão alimentar de 91 pessoas com melanoma avançado que estavam sendo tratadas com medicamentos inibidores de checkpoint. Os voluntários foram monitorados com exames regulares.

Segundo o site americano, os participantes não foram submetidos a uma dieta específica, mas preencheram questionário detalhado sobre o que consumiam, facilitando a análise de seus hábitos alimentares.

Além de gerar uma resposta positiva da imunoterapia, a dieta mediterrânea foi associada à sobrevida de 12 meses, relatam os pesquisadores.

 

Imunoterapia e dieta

 

Como mostra o Healthline, os inibidores de checkpoint ajudaram a revolucionar o tratamento de diversos tipos de câncer em estágio avançado. Na pesquisa atual, o consumo de grãos integrais e legumes também ajudou a reduzir a probabilidade de efeitos colaterais relacionados às drogas usadas na  imunoterapia, como colite.

Por outro lado, a ingestão de carne vermelha e processada foi associada a uma maior probabilidade de sintomas adversos nos pacientes.

Agora, os cientistas estão realizando testes clínicos para entender o papel da dieta no sucesso da imunoterapia em relação a outros tipos de tumores, incluindo câncer do estômago, informa Laura Bolte ao site americano.

A relação entre a resposta dos inibidores de checkpoint, a alimentação e o microbioma intestinal (bactérias benéficas do intestino) pode revolucionar os tratamentos dos tumores.

“Ensaios clínicos investigando o efeito de uma dieta rica em fibras, cetogênica e de suplementação de ômega-3 estão em andamento", diz a cientista.

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