Alimentação
Comer muito alho pode causar efeitos indesejados, sabia?
Segundo especialista americana, o tempero tão comum no Brasil pode gerar sangramentos e problemas digestivos em certas pessoas
É quase impossível imaginar uma refeição preparada no Brasil sem o uso de alho. Ele é um tempero favorito para cozinhar, graças ao seu sabor e aroma únicos, combinando com cozidos, molhos, pizzas e massas italianas.
Esse poderoso ingrediente está associado a vários benefícios para a saúde devido às suas propriedades medicinais. No entanto, apesar de sua versatilidade e benefícios, é possível exagerar no consumo e ter efeitos nada agradáveis.
Embora o alho seja uma adição saudável a uma dieta balanceada, comer em excesso pode causar vários efeitos colaterais, como explica a nutricionista americana Rachael Link, em artigo publicado na última segunda (12/7) no site de notícias de saúde Healthline.
Aumento do risco de sangramentos
“Um dos efeitos colaterais mais sérios de comer muito alho é um risco aumentado de sangramento, especialmente se você estiver tomando anticoagulantes ou se submetendo a uma cirurgia”, explica a especialista.
Segundo ela, isso ocorre porque o vegetal possui propriedades antitrombóticas, ou seja, é capaz de impedir a formação de coágulos no sangue.
Embora o sangramento induzido pelo alho seja incomum, como mostra Rachael Link, um estudo de 2016 publicado no periódico científico A & A Case Reports detalhou o caso de uma pessoa que apresentou aumento do sangramento após comer 12 g de alho (aproximadamente quatro dentes) todos os dias antes de uma cirurgia.
Em outro estudo de caso, também de 2016 e publicado no jornal científico Indian Heart Journal, uma pessoa apresentou descoloração excessiva e hematomas após uma cirurgia. A possível causa era um suplemento dietético que ela estava tomando e que continha óleo de peixe e 10 mg de alho concentrado, que teriam afetado a formação de coágulos sanguíneos.
“É importante conversar com seu profissional de saúde antes de usar suplementos de alho. Se você estiver tomando algum medicamento ou estiver prestes a fazer uma cirurgia, também deve consultar um médico antes de adicionar alho à sua dieta”, diz a nutricionista americana no artigo.
Problemas digestivos
Assim como a cebola, o alho-poró e os aspargos, o alho é rico em frutano, um tipo de carboidrato que pode causar inchaço, gases e dores de estômago em certas pessoas, revela Rachael Link.
“Na verdade, quem tem intolerância a frutano se comer alimentos com alto teor desse carboidrato, ele não é absorvido no intestino delgado. Em vez disso, segue intacto para o cólon e é fermentado no intestino, um processo que pode contribuir para problemas digestivos”, explica a especialista.
Por isso as pessoas que seguem dieta destinada a identificar alimentos específicos que desencadeiam problemas digestivos são frequentemente encorajadas a limitar a ingestão de alho.
Azia
Se você sofre de refluxo gastroesofágico, é melhor considerar reduzir a ingestão de alho, alerta a nutricionista no artigo do Healthline.
“Refluxo é uma condição comum que ocorre quando o ácido do estômago volta para o esôfago, causando sintomas como azia e náuseas. O alho pode diminuir o tônus do esfíncter esofágico inferior, que é a capacidade dos músculos da parte de baixo do esôfago de se fecharem e impedir a entrada de ácido. Por sua vez, isso pode desencadear refluxo ácido”, diz Rachael.
Claro que se você come muito alho e não apresenta sintomas de refluxo gastroesofágico, provavelmente é desnecessário limitar a ingestão do vegetal.
Qual a quantidade recomendada de alho?
De acordo com a especialista americana, não existem recomendações oficiais sobre a quantidade de alho que se deve comer. Ainda assim, um estudo de 2020 publicado no periódico científico Antioxidants (Basel) mostra que comer de um a dois dentes (três a seis gramas) por dia pode trazer benefícios para a saúde.
“Se você notar quaisquer efeitos colaterais depois de comer mais do que essa quantidade, considere reduzir a ingestão. Cozinhar alho antes de comê-lo também pode ajudar a prevenir efeitos colaterais como hálito ruim, problemas digestivos e refluxo ácido”, orienta a nutricionista.
Se você tiver quaisquer problemas de saúde subjacentes ou estiver tomando medicamentos, é melhor conversar com seu médico antes de fazer qualquer mudança na dieta ou usar qualquer suplemento, mesmo que fitoterápico.