Alimentação
Beber 6 g de álcool todo dia ajuda cardiopatas, segundo cientistas
Estudo de análise de dados encontrou uma relação entre baixo consumo de bebidas alcoólicas e redução nos ataques cardíacos, derrames, anginas e mortes em pessoas com doenças cardíacas
Um novo estudo descobriu que ingerir até 7,5 bebidas alcoólicas por semana (cerca de uma dose diária) pode diminuir o risco de ataques cardíacos, derrame, angina e morte em pessoas com problemas cardiovasculares.
“Nossas descobertas sugerem que as pessoas com doenças cardiovasculares podem não precisar parar de beber para evitar ataques cardíacos, derrames ou angina, mas sim, reduzir a quantidade de álcool ingerida semanalmente”, afirma o pesquisador Chengyi Ding, da Universidade College de Londres, no Reino Unido, um dos autores do estudo (publicado dia 27 de julho na revista científica BMC Medicine), citado pelo site americano Medical News Today.
É importante dizer que os cientistas não estão sugerindo que cardiopatas que ainda não bebem comecem a beber.
Entendendo o estudo
Os autores analisaram registros de saúde de 48.423 adultos dos bancos de dados UK Biobank, Health Survey for England e o Scottish Health Survey, além de outros 12 estudos anteriores. Os voluntários relataram o consumo de álcool durante 14 anos (1994 a 2008) e essa informação foi comparada ao histórico de internação hospitalar, saúde e registros de óbitos.
O risco reduzido de ataques cardíacos, derrame, angina ou morte foi associado à ingestão de até 15 g de álcool por dia, o que equivale a pouco mais de uma dose.
No entanto, o benefício máximo relacionado ao consumo de álcool, ou seja, 50% menos chance de eventos cardiovasculares, foi experimentado por pessoas que ingeriam apenas 6 g de álcool por dia em comparação com cardiopatas que não bebiam.
Para os que consumiram 7 g de álcool, apenas mais uma grama a mais diariamente, a redução do risco de mortalidade por todas as causas caiu significativamente, chegando a 21%. Curiosamente, quem ingeria 8 g diárias de álcool, obteve 27% de redução da mortalidade por problemas cardiovasculares.
O estudo também detectou que “mortalidade e morbidade diferem por sexo e são mais pronunciadas em vítimas de infarto do miocárdio do que em pacientes com angina ou acidente vascular cerebral”.
Apesar das descobertas, os cientistas aconselham cautela na interpretação da pesquisa, pois os dados são limitados e podem não ser relevantes para entender a relação à exposição ao álcool, ao comportamento de beber ou ao tipo de bebida.
Finalmente, os autores lembram que as informações usadas eram dependentes dos autorrelatos dos voluntários e que hábitos alimentares ou quantidade de atividade física realizada não estavam disponíveis em todos os estudos incluídos na análise.